Quis escrever um poema

Quis escrever um poema

Mas não tinha música
Não tinha tema

Há quem trema perante o pranto
De uma folha em branco

É que o poeta ama tanto...
Ama tanto!

Então decidi falar de amor
Mas doía um bocadinho
Porque o coração é puro e é mesquinho

Então mudei de tema:
Vou falar-te do Poema

Pode ser tudo e não ter nada
Ser como cidade inventada
Sem casas,
Sem caminhos
Sem janelas
Sem vielas

Pode ser cheio e ser vazio
Viver sem casa e não ter frio
Porque as palavras não são ninguém

Mas então, como é que prende o coração?
Com que garras, com que mão?
Como é que mente ou despe a Verdade?
Como é que separa e cria unidade?

E estas perguntas, terão fundamento?
Terão razão, se me sento
Um momento
E brinco com a brancura ou a solidão?

Talvez não haja resposta
Talvez seja vazia esta heróica proposta
De te fazer encontrar aqui dentro alguma magia, ou comoção...

Então sobreveio uma ideia, que era talvez o remate desta teia
em que já te enleei.

O Poema és tu!
É o teu universo, é o teu coração
É o que tens aí dentro
Que pinta cada verso
Que faz que se ouça a canção!

És tu, que me lês
Que vês e dás às palavras
(rasas de forma e preenchimento)
O sopro de Vida! O entendimento
A Alma toda
E o firmamento

Pões as estrelas no céu do Poema
Ou o Mar revolto
Ou o que o Poema envolto
Souber dizer mais
Do que quem o escreveu!


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