Paredes brancas
que se abatem sobre mim.
Sufoco...
/
Sinto os pés enterrados em lama
/
Sinto as mãos esticar até não poder mais, afogando-me
/
porque não há superfície
/
nem chão
/
nem tecto
/
NADA
/
Há punhos e olhos e dentes cerrados pela culpa
/
Suspiros de felicidade colados com resina a fisgadas de angústia
/
TUDO
/
na mesma caixinha de vidro fosco
Quebro-me em estilhaços
a
Mordo-te marfim
a
Rasgo-me em pedaços
a
a
(esquece-te de mim)
a
a
Estendo os finos braços
a
Trémulos, enfim.
a
Fi-los dos teus ossos
a
a
a
(esquece-te de mim)
(esquece-te de mim)
a
a
a
quantas vezes senti eu a vergonha de um outro
a
a
por querer morder-te a carne fria
a
macia de cetim?

Do vestido amarelo às flores pequeninas. Aquela em papel "kodak glossy ".

Ligeira dou voltas pela casa... Correndo.
para cá e para lá. As estantes são colossos.
Matreira, escondo-me num qualquer recanto,
pronta a surpreender cavaleiros de fumo.
Vou brincando, eu e uns caracóis brilhantes,
brincamos errantes num rir de veludo.
Saltamos,
eu e mil gargalhadas.
Sou de papel, vou voando...
Sou livre e vou sendo.
Brincando, saltando, correndo...
Vou dando
sorrisos solares
e gargalhadas vibrantes.
Pertenço a um nada e sei coisa nenhuma.
Não hesito.
Não me arrependo.
Sou o meu bastante.
Sou de amor e vou vivendo...
Não tenho nada.
E falta,
vou tendo.
Mas não importa...
Sou viva a imagem
de uma morta.

meia-noite e onze

No teu viver de cometa, ardem olhares soturnos, gritares-doer de poeta. Punhais da alma incompleta Além-quereres nocturnos, Com que o corpo se espeta.

prEnDida de Um pAR De corpO, sem alma!!

Fecho os olhos, e sinto-me queimar.
Tocaste-me.
Torço os dedos e encolho os braços.
Tocaste-me.
Grito! Grito!
Tocaste-me.
Esfolo o peito nu...
Grito! Tocaste-me!
Estas mãos... não são minhas! (Oh, Deus!!!) tocaste-me!
grito! Grito! GRito! GRIto! GRITo! GRITO!!
TOCAAAAAAASTEEEEEE-MEE!
Tocaste; Tocaste; TOCASTE-ME!!!
deixo-me caír...
Cansada,
Tremo.
Tremo de frio.
Tremo de fome,
Tremo de medo...
Cansei-me de gritar.
Calei-me.
Mas tu;
tocaste-me.
Como é que eu tiro deste corpo as tuas mãos?
choro...choro...choro...choro...choro...choro...e desisto...
Não posso despir-me de Ti.
tocaste-me...

Arderei, aos poucos...

Sentada neste canto à fraca luz eu sei. Que se abrirem as janelas, verei aves e voarei com elas. Encostada a uma parede fria eu sei. Que se fecharem as portas chorarei, matarei horas mortas, esperando, que venha a resposta a «Quando?». Só não sei um quando! Se sempre que eu choro aos ouvidos do super-herói ele me salva heróicamente de me afogar nas mágoas ao colocar-me onde as lágrimas secam! Nesse lugar onde os vidros não quebram e as dores não dóem e os sonhos não se têm, porque são mortos pelos anjos que oferecem o céu e um copo de água, para esquecer a mágoa que é ter um mundo para viver. Oferecem-nos uma jaula onde não se morre. Aos vivos, mas de outra sorte. Que me importará, se não há nada, ter regras para ser um dia após outro. Calar-me ei, calar-me ei porque a minha voz vai deixará de se ouvir a si própria e passará a ouvir uma outra, se for a clausura o meu propósito. Não vale a pena, se alma é tão pequena que não suporta!

Que gargalhada!

E que ironia! É sexta feira treze.

{não} e repito: NÃO pactuo mais com isto

Acordei, há uns dias e desde então acordada fiquei. Vi hoje o sol nascer, ontem por-se e reparei que enquanto dormia, todos estes dias, que cada noite me escapava o dia. Então podia sonhar, mas não mais que isso, porque me escapava o dia. Agora vejo-o passar e não me escapa. Escapo eu por ele a ter que sonhar, a ter que imaginar o sol nascer quando posso vê-lo. Escapo a capturar crepúsculos, não deixando que eles me capturem a mim, e me prendam. O sol incomoda e a noite também, porque o ar cheira ao que já foi, e o frio, sinto-o com um corpo emprestado, por não ter um meu. Desgraçada de mim se não posso sequer ter frio, e zangar-me por isso. Que faço eu comigo se nem para mim me quero? Merda! Não queria que as coisas tivessem uma vontade própria sendo minhas que não fosse própria ou não fosse minha. Nada faz sentido, tudo parece bem, mas nada faz sentido. Queria poder dizer que quero saber. Queria poder dizer que sei. Queria poder dizer que quero. Mas esqueci-me de como se faz, e estou demasiado ferida, mas a dor, que dói num corpo que não é meu, não me conserva de ferir ainda mais. Perder-te-ei, a ti que sonhas, se deixares ganhar a metade que nunca dorme! E repetirei isto a mim mesma até que eu própria me ouça...Ou perca a capacidade de falar e ouvir. Tenho a sombra como companheira, mas não uma que fique quieta...uma que se move e me tortura, daí que deteste o sol. Quero luz, mas a da lua, suave e que me resgate. Não sei que diga aos pontinhos de luz estelar do céu. Talvez por eles ainda chore. Porque não sou do céu, sou da terra e cobriu-me uma lama, tão estúpida! E fico quieta, e não digo nada, e vou-me deixando afundar aos poucos por não saber gritar! Quem me dera que os venenos matassem os fantasmas! Eu bem os engulo, mas tudo o que matam é a fome de matar, porque os fantasmas já estão mortos, e eu... Fraca...Fraca...cobarde, o que seja! Não sei ser senão aos bocados de morte e bocados de veneno e bocados de fantasma e bocados de medo e bocados de terror e bocados de vergonha! Bocados! Não sei ser senão aos bocados e nem sequer os consigo situar, quanto mais deitar fora, ou rearrumar... Sou triste? Não, sou torta, e má e ingrata e cruel! E não me falem de egoísmo se o altruísmo é uma espécie de lei relacional ou limite, porque eu aprendi a crescer sem leis nem limites e não sei ser senão altruísta por só conhecer as leis de egoístas. Onde estavam os limites? Onde estavam quando invadiram e violaram os meus? Onde estão as leis agora? Tretas! Tudo o que eu conheço de agir e ser bem é treta! Porque aos que me ensinaram a conhecer, só haviam antes ensinado a agir segundo princípios da treta! Estou cansada, e quero que isto acabe... sem ter eu que acabar!

core mortuo

Embalei no colo gritos sem quê nem quando. Retirei de ti a dor de quem perde a fala. Mas qual é o cantar latente que morre? E qual é a voz de gemer que se cala? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Troquei frases contradicentes brincando. Quis devolver-te a calma em vez de roubá-la. Mas qual é o dia pálido que não corre? E qual é a brasa que arde e não estala?
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
O espelho lembra-me que parto. a minha imagem morre num querer quebrado, e sonho viver. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
O eco de te berrar está farto. o teu silêncio distorce um vir de ser estragado, e sonho morrer.

Insónia

As paredes trepidam nesta sala onde o silêncio grita mais males que aqueles que cala.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

Os livros soerguem-se da estante, bailam suavemente a toada lacerante.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

Agarrada à cabeça espero que dela não me esqueça.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

Sinto-me em toques sem corpo e sem ter pele dói-me o juízo. Não me toca quem preciso.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

Voam-me pássaros pelos olhos afora. Levam nos bicos o que já morreu.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

Apodrecem em voo e esparsam lentamente Transformam-se em vidro que engulo para esfolar a fome que sem ter me deu.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

Tenho dores de morte nas sombras que vejo e dores de ser nas cores convulsas que sonho.

A hora é a mesma e tem-lo sido sempre. Um não passar que vem passando eternamente.

cold-feeted fall on an unpleasantly solid floor

Don't try to wake up... For you will find dreams can't hurt you...Vivid colourful dreams make you feel like you could have slept a few more minutes... Vivid colourful pain makes you feel like waking up was a mistake. This is when you readers evoque the "nightmare vs vivid colourful joy" pack to refute what i just said. Well, i seem to have a suggestion for that point as well. Here it goes: Nigthmares only really hurt you when you do wake up... As for vivid colourful joy, i guess it lives so shortly that we have some kind of unstoppable urge to preserve it by photos and so on. Yet, you can still desagree...sure! But then you get injured for real and it hurts so bad you can´t feel anything else. You start looking at the pictures in search for joy... And you feel nautious, for all pictures bring back are memories and you don't exactly need to be remembered. My point is. One day, you wake up, and realise you need more sleep. Only then you won't be able to close your eyes again.

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...