Mascarada vai p'ra de fronte, Leanor, Intensivista

De viseira e capuz vai p'ra de fronte

Leanor pneumologista

Nem quando sonhou ser pugilista

Se pensou neste horizonte


Demanda diária de combatente

Magotes, pacotes de gente

Ao cargo desta intensivista


Ninguém sabe, como e quem é, donde vem,

Só que o fato a separa dos que têm

Triste, virulenta premissa

P'ra conclusão triste e imprevista


Quem é Leanor, intensivista?

O sistema todo, visto do lado humano, intimista, 

Que antevisto pela insanidade economista

Carece carências de verdade


Aqui quem não teve peste não é rei,

é ilusionista

A tossir pró lado, a coçar a vista

Mas de alergia, não de maleita

Qu'essa sim, só se deita

sobre nós se formos o outro


Tiveste peste?

Passaste fome, sede, depressão?

Fruta da época, então!


Aguenta-te Leão!!

Ainda há quem lhe resista...




Sou do tamanho do meu erro

Sou do tamanho do meu erro

nele caio             e me congrego

me queimo e desagrego 

p'ra me nascer alma maior


sou do tamanho do que trago

não dentro do peito, dentro da boca


o que vou sorvendo

com a loucura voraz que não refreio


A sede eu receio, 

que saciada é o demónio!

que eu saiba sufragar esse degredo

                      esse chamar de sereia


Sou do tamanho do meu erro

Volteio e volto a mim

sou essa volta, esse confim

a ondular ao vento           ao vento


Não sou o erro que me erra, 

mas aquele em que m'invento

e refundo em devaneio à minha roda    

                                                 à minha roda

Sou do tamanho do que trago

desse lugar em que o apego é distante, lunar, mas prazenteiro


sabe ser, sabe brilhar

canta baixinho              baixinho

vai volteando e embalando 

(qual riacho que no sufoco da corrente me era)


Mas quero e espero a espera paciente,

pois que me mata antes 

p'ra me nascer depois


Alta

como o redemoinho que me acerca

(redonda cerca vertical)


Mas caio em mim, 

antes eu, 

        ainda mal


Sou do tamanho do meu erro,

onde me elevo                   

                             à escala real



Pandémica I

Um dia quebraremos os acrílicos,

beijaremos outro que ao polipropileno

Esqueceremos um instante o etileno

E com ele do vírus os gentílicos


afarfalhando-nos em quiasmos idílicos

Abraçaremos verdadeiros, legítimos abraços

Usando dos próprios mesmos braços 

com que aspergíamos sprays e géis etílicos


Seremos outra vez a delícia de outrora

Que beija a mão desta senhora, 

ou daquela ali, mas só por fita


E Sem beta gama ou delta 

Só macia fofa e esbelta 

                      bochecha redondita 

Beijaremos também por fita

A face d'estoutra criancita

P'ra legitimar que possa sentir na vida

Ou vá, na bochechita, 

uma ou outra coisa 

                que de viva força irrita


Mascarados da nossa mesmíssima fucita

Já não adivinharemos

Debaixo dos olhos o que habita

Se o nariz for feio, pois sê-lo-á de entrada,

Já que destapado assim lo veremos


E ai que grassando se repita,

Este estado pestífero de agonia!!

(Soubess'eu hoje o que faria

Ao acabar-se a pandemia!)


Ind'há cem anos se tossia a sentença do vizinho

Mas está lá longe, sei-o bem!!

Vai que hoje me morria... ia bem consoladinho,

Ignorando que podia...


Haja alguém que nos repita:

"Aproveita-te bem"


É que a vida detém

Formas estranhas de ser bonita!








As coisas simples


Um abraço é simples

É simples de dar

Como a brisa é simples

Simples de sentir

Quando se faz soprar

 

O ar é simples

simples de suster

Como uma lágrima é simples

de correr

              afora-rosto

 

É simples o sorriso

Estampado no rosto

Rasgado por gosto


Como é simples

A luz



Se quiseres, podes ir em frente!

 

Se quiseres podes ir

Podes ir em frente,

Podes batalhar

Podes brilhar quanto te dizem para desistir

Podes ganhar-Te por insistir

Que a tua Vida está

                            por desbravar

 

Se quiseres podes

Deves

Superar

 

Caminhar sem medo

Descobrir mais cedo

Que há por onde ir

 

Além do que conheces,

Deves insistir

(Que há por onde ir!)

 

E mesmo se caíres,

Ao levantar,

Atira-te outra vez e cai

Cai em Ti que talvez possas

Ir além do sonho,

Ir além de ti

 

Cair-insistir

Cair-mergulhar

Até que possas também sentir

Como é bom levantar!

 

Mas se quiseres ficar, fica!

Enlaça-te no meu abraço

Que prometo não largar

 

E quando tiveres medo,

Guarda o Segredo que te faz maior

 

Guarda  que a chave da Vida e uma só:

Amor!

 

Guarda o Segredo

E que te dê a Força

Braços para o guardar

 

Tu  podes

Deves

Deixar-te ir

Ver , vencer , crescer

 

Voar tão alto

Que já ninguém te possa,

Por mais que tente,

Travar

 

Vai em frente

 

Vai em frente que o teu sonho

Já não está por sonhar!

 

Vai em frente

 

Vai em frente que só Tu cabes

No teu próprio lugar!

 

Vai em frente

 

Que o Mundo foi feito para TODA a Gente!!

 

A cada um de todos os meus Alunos!! :-)

Inês Gomes 02/07/2021

 

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

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