Numa casa onde Não há Gritos

Nesta casa, onde não há gritos, nunca se gritou. 

Nunca se discutiu o que havia para jantar. Nunca se preferiu este político ao outro. Nunca se pediu a Jesus Cristo que viesse ver isto. 

Nunca se disputou um lugar à mesa e Nunca se berrou de fome ou de dor. 

Nunca se fez cara feia nem se detestou. Nunca se devolveu um presente errado. Nunca se revirou os olhos em despeito. Nunca se gritaram gargalhadas por nenhuma alegria e 

Nunca se foi parvo. Nunca se foi ridículo. Nunca se brincou.

Nesta casa, há a marca dos anos por cima do pó. (Que passaram a correr estáticos)

Nesta casa, Nunca se berrou em escândalo.
Nunca se chorou de raiva
Nunca se cerraram dentes.
Nunca se odiou.
Nunca se disse "agora" apaixonadamente.
Nunca se deu.
Nunca se perdeu.
Nunca se arriscou.

Nesta casa
Ainda hoje se geme e murmura

Nesta casa Nunca se foi e Nunca se Viveu

Porque

Nesta casa

Nunca se gritou.

Em que bolso da vida cabe a doença?

Se perguntares, não parei.

Não me detive a olhar para ela.

Não se me escapou nenhuma vida com que tenha sonhado ter sido diferente.

Olhando para trás não se percebe nada,

Senão a dor imensa da saudade de poder ter ser.

Podia haver diferente, pode sempre haver diferente.

Mas não se diz, nunca se diz e assim pode-se não saber.

Se entendo, não. Se compreendo? Com o abraço todo! 

Pode cansar por ser maior que eu 

E certamente não cabe num bolso

Mas, a saber, 

não trocava esta fragilidade minha por nenhum poder de Colosso 

Passo Perguntoso (ou o andar-vida quando pára)

Era um passo à frente do outro, um passar a tremer, um andar hesitante. 

Estava a fugir, não sabia de quê, acho que tinha só medo.

Ao chegar àquela esquina, reparou num roxo forte a ocupar o céu todo, mas roxo não estava certo.

Era bonito, de alguma forma afetava-a, ansioso. Ao mesmo tempo, habitava-a, como náusea que agonia.

Era uma pergunta

Mas ela não a punha, então, também a não veria responder.

(Porque era roxo)

O Lugar do Silêncio (Natal III 2022)

Se o lugar do silêncio não conforta mas inquieta, pensa em Jesus

Que és Sua ovelha predileta, que nasceu para ti, que te salvou na Cruz

Pensa que também sorriu, que também sofreu que também pensou, que também chorou, que não desistiu, que antes insistiu, pra poderes viver!

Pensa nessa Luz, que seduz
Pensa nesse Amor que vence o medo,
Pensa no Caminho que a Estrela sempre aponta.

Pensa que é por ti,
Que Jesus sorri
Sem que te dês conta!!

Quero tanto em Ti morar! (Natall II 2022)

Um anjinho cantou-me ao ouvido

que haverias de chegar

Que esta terra Te veria nascer, crescer, e nos resgatar

Hoje vens cá dentro,
ao meu coração falar

Meu menino Jesus!
Tão maior que eu, essa Luz!
Meu menino Jesus!

Quem diria que haveria um lugar no Coração de Tudo o que É,
Feito de Amor Infinito,
De propósito para mim, e
que mais ninguém pode ocupar!

Nasces hoje de novo, meu Bom Jesus!!
Leva-me a Ti,
(Que eu hei-de a Ti chegar!!)

Leva-me ao Teu Coração,
E que esta noite no meu Te acolha:
Que quero tanto em Ti morar!!

Onde é que Jesus não está? (Natal I 2022)


No olhar de um outro que nos procura? Jesus está
Na nossa dor? Jesus está
No que não vemos? Está Jesus
No que não compreendemos? Jesus estará
No que perdemos? Só Jesus dá!
No que esperamos? Com Jesus, vamos lá!
Quando choramos? Se Lho entregarmos,  Que tesouro fará!
Onde estamos? Jesus sempre estará!
Se nos perdermos? Ele nos procurará!
E se temermos? Ele nos sossegará!
Se nos cansarmos? Ele nos acolherá!
Se desistirmos? Ele por nós esperará!
Se nos afastarmos? Ao nosso lado Caminhará

Esta noite?
Para mim, para ti, Jesus Nascerá!
E se cá dentro O buscarmos?

Onde é que Jesus não está?

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...