Degrau II (esboço)

Na cidade da cabeça

há estradas de pensamento

bairros com vielas

curvas com profundas valetas

Há vias e travessas

Abertas nas janelas


Quando percorro esses sulcos

encontro vida nas novelas

(Que os vizinhos berram operetas

se as opiniões forem diversas)

viram-se e revolvem-se por dentro

e depois aparecem por fora 

às avessas


São

controversas as escadas

em que às vezes tropeço

é que ficam bambas quando peço 

Que a alma suba outro degrau

Degrau I

Eu vivia num degrau, 

num tal de eden, 

era grande, mas não havia muito espaço.

Não tinha muito por onde rir 

e, sempre que chorava,

Era sozinha com a minha companhia.

E não era uma pessoa,

ai e não era alguém

ai e ninguém escutava!!

Ninguém ouvia.

porque era um silêncio aos cacos

que como gota escorria

pelo meu regaço.

pelo meu regaço e que ninguém colhia.


e que ninguém 

colhia.

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...