Ao Leitor II

A ti que me vês porque lês,

Não ouso pedir nada

nada mais do que já és:

Parte da minha jornada


A ti que me vês porque lês,

Toma a minha pena

que ela seja doce e delicada

no desenho que te deixo na mirada


A ti que me vês porque lês

És detentor dos meus segredos,

Descortinador de receios

antídoto de medos e anseios


Leitor querido

Meu terno amigo,

Abraço-te 

encho-te de palavras

Já que escrevendo não consigo

encher-te de beijos ;-)

Louvor


Permitiste que andasse perdida por uma escura estrada

Para que me encontrasse tão sozinha que ansiasse só por Ti estar acompanhada

Guardaste cada passo desta minha caminhada

Porque sabias que não tendo muito, tinha demais

E precisava não me ter (nem ego, nem teto, nem chão) 

e me saber sem nada

Permitiste que a minha soberba fosse humilhada

E Graças a Ti

Finalmente sei 

Estar bem encaminhada


Não me deixes divergir Senhor!

Que sem Ti sou nada


Graças ao Teu Amor!

Clamarei 

Porque me sei 

Tua filha mimada


Graças Senhor!!

Louvado sejas!

Que me dás dias de calor,

Que fizeste rubras as cerejas!!


Quanto grata Te estou?

Muitíssimo, Senhor,

Que de Graças tantas me bafejas!


Toma todos os meus dias

Toma as dores, as alegrias

Tudo a Ti eu ofereço


Dás-me Todo o Teu Amor

Senhor

A Vida 

e certamente mais do que mereço!





Volta a Ser, Irmão!

Tremia aquela luz que em ti havia

Tremia

Quando olhavas a Cruz

E lá O vias

Tremia de Temor

Do Temor que à Terra trazia

Aquele Amor que te arrebatava

E te movia


Onde foi a tua Fé, Cristão

Onde foi que largaste a mão do Pobre

Onde foi que preferiste, vil, o Cobre

Onde foi que, ávaro, cessaste de partilhar teu pão?!


Volta a ti, Irmão

Voltemos todos a todos

Para que sejamos Nós 

Outra vez um só Povo

De coração enlaçado 

Mão-com-Mão

Ao Leitor

Escreve-se muito sobre o escrever

Mas então e quem lê? 

Quem faz com o que o que o poema diz se passe a dizer

Quem é que sequer o sabe?


Ler é condoer

É encher o peito de poema

é espremer as palavras

abraçar os versos

beijar o poeta

criar universos!!


Quem era eu sem ti,

Leitor?


Quem carrega a dor da pena que escreveu

Quando o poeta a pousa e vai ser vulgar

beber leite com café

e descansar?!


Sinto a tua dor, Leitor!

Fui eu que ta dei


Mora em ti todo

o dissabor de ser sempre o morto a ser rei



Levantardevolta

Tanto ruiu 

Tanto ruiu à volta

à nossa volta


Tanto cresceu

Tanto provou 

que é Natural 

A Natureza morta

que se pintou tantas vezes

à nossa volta


Volta


Volta a nascer tu que ouves

Volta a crer tu que vês

Volta a amar tu que voltas


Uma e outra vez

A estender a mão

A abrir a porta


Que é parco viver

sem sofrer


Que não se cresce

Sem cair

levantar

e seguir

Por outra via


Ainda que torta




cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...