Costumava ter dó de mim
porque me faltava O Calor.
 
Fechada nas copas da dor,
pisava descalsa
espinhos e vidraça
 
Costumava ter dó de mim
porque me faltava O Ardor.
 
Fechada nas copas da dor,
engolia ferventes
ácidos e venenos
 
Costumava ter dó de mim
porque me faltava O Fervor.
 
Fechada nas copas da dor,
de olhos cerrados
e sem me mover,
foi nos tentáculos do desespero
que me inquietei:
 
o mundo que já nada me dizia,
ganhou cor
 
E foi do fundo das copas da dor
que vi o que luzia:

era O Amor
Procuro por Ti em todos os recantos,
pois sei que tens para mim
mais que uma mão cheia de encantos

Mas quem serás Tu?
E como poderei amar-Te
Sem Te saber?

Alguns tolos
acham que quem Te quer
não sabe o que está a fazer

Mas eu digo-lhes
que mesmo sem Te saber
sou eu louca por Te ter

Já vi muitos como eu
e quero ser
mais louca que todos

Uma louca de morrer

pois sei que se morrer
em verdade e de amor por Ti

viverei

mas não por acaso
ou sem querer

viverei

não a vida desses tolos,
mas uma outra
que não me deixará
morrer a sua morte

ingénua fria e só

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...