Pedro e Inez

Os pulsos frágeis sentiam-se quebrar
daquela que ora fôra donzela
às  mãos do cruel capataz 
que pudera ferir, mas não a ela.

Filho da morte injusta que lhe fôra tocar
ao amor devia a dor, aquela.
E de um qual beijo sabia, assaz,
o noivo que a  nunca iria afagar.

Pois feita morte foi toda ela,
ainda antes de morrer.
E morto morreu com ela 
o vivo que amando a fez nascer.

Negrume tanto se ergueu 
co' a vil e cruel morte dela
que os olhos que o viram breu
se aprisionaram numa cela

A que o peito encerra

E que coração contristado
mortificado p'la morte, ela, 
podia querer tanto o pecado
se o era quere-la viva e bela.

Foi a ira só depois da dor
o que moveu tão grande amor
a coroar sua donzela
co' sangue e co' a dor
dos que tiraram a seus lábios rubra a cor
dos que ousaram roubar-lhe a vida, 

Ela.
Para sempre 
Ela.

co' sangue que derramou
vingou tão grande perda
a da única a quem amou

Além morte chorou 
Além morte o fez
com sangue e lágrimas honrou
Pedro a sua amada Inez


cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...