Das coisas pequeninas II

II.

Notaste como era pequena

A chama do fósforo a arder?

E como se não a apagas 

tende a crescer?


Não há nada grande que não tenha nascido pequenino


E Notaste como é pequeno 

Um gesto de carinho?

E como salva

se o soubermos receber?


Não há nada grande que não tenha nascido pequenino


É de pouco que muito se faz

E somos pouco o suficiente

Para não ser justo andarmos para trás


Somos pouco o suficiente

Para dar à outra gente

O que nos cabe e lhes sufaz



Das coisas pequeninas I

I.

O menor que for será decisor

De quanto pesa cada coração

E à partida, a moção é dirigida

À resolução de uma fissura profunda

Que não tem meio de ser costurada


A vida é vária

Mas o que importa 

No fundo 

Não é a variedade

É a anterior


A vida é curta

Mas não importa o fim

No fundo

Importa estar

Ser


Isto sim




Abeira-te de Nós (Natal V)

  

Abeira-Te de mim, Deus menino

Que cresci e já não chego

À altura de ser pequenino

 

Chega-Te aqui pertinho, Deus pequenino

Como é que posso não Te querer embalar?!

 

Os pastores aí vêm para Te ver,

Para Te olhar enquanto dormes,

Para Te presentear

 

Deus pequenino

No colinho de S. José

Com Maria mesmo à beira

Hoje a noite é Tua

(Canta a criação Inteira)

Que quiseste aqui nascer

 

O Pai Celeste pôs no céu um Luzeiro

P’ra que os Reis Te pudessem visitar

 

Visita-me hoje, Deus pequenino

A mim e ao Mundo inteiro

Já que nasces mais uma vez

para nos alumiar!

 

20/12/2021 Natal 2021

Oração a Deus Menino (Natal IV)

 

Abeira-te de mim, Jesus menino

Que cresci e já não chego

À altura de ser pequenino

 

O meu coração pesa

Jesus menino

Da minha vida toda

Dá-me um pouco da Tua Luz

Gostava de Te ver brilhar divino

P’ra que a minha alma se alumiasse

E só a Ti almejasse

Jesus menino

 

Acode que não sei se possa,

Jesus menino

Andar assim, de coração pesado

Por esta via nossa

Abeira-te de mim Jesus menino

Abeira-te de mim meu terno Deus pequenino

Para que só a Tua Misericórdia eu deseje

E o meu coração leve amar-Te possa

 

19/12/2021 Natal IV 2021

Ode Geométrica


I

 

Oh como me apraz a Geometria

Qual chocolate na Depressão

Sei hoje o que não sabia:

A beleza lógica da Rotação

 

Aponto os pontos e na minha folha

Surge clara e natural

Sem precalço que a encolha

Uma pirâmide hexagonal

 

Suavemente e sem trambolhões

Preciso o Plano Auxiliar

Oh como são belas, Interseções!

(Fáceis e doces de projetar)

 

Deito-me à sombra, de charneira,

Vendo o plano a rebater

Oh que gozo, e de que maneira!

Ver dar na folha uma volta inteira

Um segmento oblíquo horizontal a ser!

 

Ângulos! Distâncias!

Perpendicularidades! Paralelismos!

Problemas Métricos para todas as ânsias

De geométricos preciosismos

 

Vinde aristos, esquadros, transferidores!

Arrancai ao ponto a ubiquidade

Referenciai todo o espaço indefinido!

Regrai Vectores a plasticidade!

 

 II

 

Réguas! Réguas! Réguas!

Não me dêem tréguas

à Imaginação!

 

Expressivo, todo o traçado,

deixa clara a Secção:

Perfeita a fatia,

o sólido, truncado!

Nossa! Quem diria

que se encontraria

Tamanha emoção!

 

Traços! Traços! Traços!

Pontos Notáveis, sem comparação!

 

Tragam-me Aristos! Eixos nunca vistos!

Oblíquos ou não!

 

Geratrizes, Curvas, Arcos, Circunferências!

Indizíveis experiências

De Revolução!

 

Riscos! Riscos! Riscos!

Corpulentos riscos, fina compreensão!

Abstratos retratos, progressivos, exactos

Que Emoção!!

 

O Espaço,

Em Dupla ou Tripla Projeção Ortogonal

Dobra e desdobra e redobra,

É Fascinante

É Mágico,

Único!!

Sensacional!!!

 

III

 

Leda depressão, a nossa!

Resistente à Reprovação, ao Reeedículo, à Troça!

 

E Sem que d’outro saber

N’outro segmento se atenha,

Finamente a Geometria desenha

 

A Estrutura, O Esqueleto, O Alfabeto

O Fascínio, O Escrutínio, A Tessitura

Do concreto e exacto Universo Abstrato

Que enformando aguenta em sacrifício

As fundações, tod’o Edifício

Da Ciência Natural à mais Pura

 

E se a Natureza, atenta, faz depender

Sem piedade e exemplarmente

Deste saber unicamente

Todo o mundo Natural

 

Resta pronto concluir que

 

Profética, Fantástica,

 

Por mais que desgaste em estudo,

Não se aplica,

Antes lhe é aplicado Tudo

 

E por mais que assassine

A já parca sanidade mental

 

É do conhecimento universal:

 

Singular, Esta Menina,

Mais gera e determina em seu ginasticar

Que, globalmente, o Imaginar

 

É Mais que Sublime e Genial,

É  a inegável Mãe do Raciocínio,

Mãe do Cume do Auge do Pináculo do Genial:

 

É Inefável, a Geometria

É tal qual o Santo Graal!

 

 

 

 

 

 

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...