Há palavras que eu sinto feias
Há palavras que eu sinto feias
que me entravam as frases,
me magoam as ideias
Há palavras que eu sinto feias
Há palavras que eu sinto feias
que me entram por sob a pele,
me estrangulam as veias
Há palavras que eu sinto feias
E no escrever
nesse tão-horizonte
deixam de me ser
a partir da fronte
deixam de haver, de me valer, de vos falar
e, a bem dizer, sei e sinto que,
por tanto as escrever,
às palavras traio
ao poema minto
É que hoje o foco
é um jogo tosco
que jogo convosco
neste vidro fosco
que é escrever
quando o peito é mouco
e só sente pouco
todas as palavras são parcas
todo o poema é oco
E torcendo
tento
com palavras feias
desenhar ideias
que não sinto longe
mas estão
e ao deixá-las ir
para lá da fonte
vejo-as diluir
nessa sem-razão
Que o poema esqueça,
Que o cantar pereça
Seja a Ilusão
Que às palavras serve
Mas que as sinto feias,
(Oh se sinto feias!!)
As que cá já estão
Sinto muito
Venham versos vivos
Dos que não são escritos
São os mais bonitos
Porque não o são!!
Fome de Universo
Tenho avidez e fome de poemas
Temo que tenha tamanha sede
que me enrede na rima em rede
que compõe o génio, cristalina.
Tenho avidez e fome de poemas outra vez e tão aguda
Que já não tenho quem me acuda na demanda astraldina
de ler
uma e outra e outra vez
Tenho uma ânsia que não contenho
Que não termina
Tenho fome e avidez do canto
Que conquanto espírito canto
assim e ao revés
vosso meu nosso
uma e outra e outra vez
Tenho em mim um estranho quando leio....
Talvez mais, talvez!
Talvez sejam dois ou mesmo dez
Os cantores do tanto que em mim alastra
e contamina
Por eles
uma e outra e outra vez
Ponho à janela
A alma que
lida
m'ilumina e instiga
A querer ser grande como vocês!!
Meus amigos, minha lira,
(meus mestres tristes)
vossos versos, que são prantos,
sejam nossos, sejam cantos!!
Que tanto expiamos a cantar!!
Eu que sou grande em ser pequenina só por vos ler
Faço o pedido modesto que desde pequena me determina:
Deem-me um só, uma só migalha, um só verso!!
Deem-me
esta vossa minha nossa
Centelha
de Universo!!
A si metria poética
Bem visto, o espaço que escasseia entre as cerdas de uma teia
é geométrico e nenhum
É uma linha que experimenta rente
ser paralela a outra
Mas o escasso espaço que tacteia
Esta linha teia-veia
É o que se compreende entre esta e outra que a ela guia
Como de resto intuiria no esvaziamento
Uma mente arguta
É que se exige astuta a imagética
De que a poesia não é geométrica porque existe um limite para o que há de indiferente
(e que definitivamente não cabe à métrica)
Um limite
Que mora dentro de cada hora em que habita cada gente
Esta minha-nossa Viagem
Possa a viagem ser nossa!!
ser connosco este viajar
e, passo a passo
seguir, continuar:
ser como abraço que nos impulsiona
a impulsionar
Ser do caminho o traço,
a linha, a cor
que pintam
que avivam
deste jardim as flores
que somos nós enfim
(num e noutro olhar)
a Profundidade, a Verdade...
ou só simplesmente
um simples e só
silente
Caminhar
Que passo a passo se inaugura, finda, muda, recomeça
E vai contrário à pressa
de correr e de esgotar
Sigamos caminhando,
de Vivo e vigoroso vagar
descobrindo, arriscando
expandindo, abarcando
Pois que a Amizade nada ao Tempo deve
mais que se deixar ser, fluir, permanecer, continuar
nos braços que são os nossos
feitos simplesmente e só
para estender, tanger, acolher, compreender
Abraçar
ou de outro modo posto
de outro prisma visto
numa palavra simples
simplesmente Ser
simplesmente Ter
simplesmente
DAR
Ponte
Meu querido amigo
Que dor de alma, meu coração,
Que desalento
Estendi palavras na minha mão, mas levou-as o vento.
Não tive sorte na minha razão,
Partiu-se, irrazoável, em raiva
em desunião
No nosso laço ficou um espaço
vincado sulco onde inculco escasso o esforço
o confiar-me a ti
Queria contar-te um sentimento
que se desenhou, em que me-nos descobri
Mas não sei se conte...
Se me-to confie,
a ti!
Aceitas abrir os braços,
abraçar este perigo e seres-me-nos
dele
a fonte?
Posso contar contigo
P´ra seres a minha
nossa
ponte
enquanto estás aí?
Gong Fu Enquanto gastava a minha energia ( e como fui feliz! ) Não conhecia os frutos do tempo. Há frutos que só amadurecem na adversidade ...
-
Mãos cheias a Humanas a de Serpentes diagonais a remam incautas as vontades frustradas aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa em barcas feitas dos seus órgão...
-
Era um passo à frente do outro, um passar a tremer, um andar hesitante. Estava a fugir, não sabia de quê, acho que tinha só medo. Ao chegar...
-
Via-Te eu na chama acesa até daquela vela no Altar. Firme e forte, levada p'la Fé àquele lugar. (eras Tu em mim, não eu) Precisam...