Num bosque dentro, preso entre a costura de dois corações

Na costura dos dois,

Eram portas pequeninas

Que pendiam do chão como gotas de memórias

De âmbar petrificado pela solidão


Não se abriam por fora

Nem por dentro,

Não

Era uma costura sem linha, uma gravidez sem luz e sem cordão.

Se bem me lembro tinha ficado tudo cristalizado assim

Sob o chão de pedra de mim

Pousado no teto da clareira de um bosque denso

E imenso

Escondido por ser ermo e ninguém me descozer para lá chegar

Mas descoberto pra fora-dentro aos elementos 

só para a erosão da solidão o vergastar...

Mas era assim porque ela-eu queria?

Ou porque nenhuma de nós se sabia mais bem-querida num sítio melhor, onde pudesse ser-ver-se... E prosperar?


Natal 2024 III

No mundo há de tudo, mas

Querem saber?

No fundo ter muito é ficar a perder.


Uma coisa basta

Bastar nada ter


E de coração vazio

Limpo

Pronto a receber

Contrito

Espera por Ele

Que está quase a chegar!


P'ra nos encher de Amor

P'ra abrasar de calor

Um mundo escuro e tímido

Com luzes por acender

Como tu

Como eu


Prontos p'ra ver

Prontos p'ra ver pra crer

Prontos p'ra receber


Jesus!


Que mais abrasaria

Um coração aberto

O que o inflamaria

Que não O bom Senhor?


Pois veio pequenino

O nosso Deus menino

O delicado Amor.


Ele espera por mim

E espera por ti


Sem pressa que impeça

Ou demora, ou contrapartida.

Sem limitações.


Ele só quer no fundo

Dar a Vida ao mundo

E a Si mesmo

Inteiro e 

Dentro

Dos nossos corações.



Natal 2024 II

O Natal é sobre Cristo

É sobre o Amor.
Não é sobre prendas
Nem sobre contendas
É sobre o Senhor.

Ainda que pareça mudo, o Senhor disse-nos tudo...
E pede ao teu ouvido que O oiças com o coração.

Salvou-nos a todos, mas antes disso
Foi pequenino e submisso
À providência do Pai
E ao seio da Mãe

Então pergunto outra vez:
Não vês?
O Natal brilha imenso! E quando duvidares,
Pergunto outra vez:
O Natal é de quem?

De quem Se deu no que tem.
E que, sendo Deus,
(que tem tudo)
O que deixou de te dar?
(Ele que Se deu)

Deu-te o maior tesouro que tinha
O único Filho Seu

Fê-lo nascer de Maria
Na manjedoura pobre e fria
Fê-lo ser pequenito
Primo do Joãozito
Fê-lo crescer em estatura e graça
A aprender de José
A ser carpinteiro e Nazareno

Salvaria o mundo inteiro,
Mas não sem antes ser pequeno

(Dá que pensar)

O que Deus enviou para nos salvar
Sofreu todas as penas que havia para penar.
Tudo por mim e por ti que somos pobres pecadores...

Mas não te entristeças!
É que, por nós homens, Deus "morre de amores"
E conta cada cabelo nas nossas cabeças.

Jesus veio e está connosco
Está Vivo
Na Eucaristia

Tudo por nós, tudo por ti.
O Natal é agora, veio em boa hora.
E traz-nos a Jesus, meu irmão,
Não sorris?


Natal 2024 I

Um poema de Natal, o que é?

A pequena chama de uma candeia

Que quando se parte tudo incendeia.


O Amor transbordou assim,

Para ti, para mim.


Deus podia permanecer calado

Mas em vez disso

Fez-te Seu filho.


Em Jesus foste adoptado


Eu também


É que com Cristo

Tudo o que o mundo tem

Fica parecido com isto:


Nada


Porque a alma fica incandiada

Pela Luz Divina

Que a tudo ilumina e revela

sem véus.


O que daqui é Caminho,

Vida, Verdade e Bem,

Nasceu pequenino 

E lá em Belém!


Já ouves os anjos cantar?

Sim, eu também.

É Natal

É Deus Quem lá vem!!






Quis Escrever um Poema (versão II)

 Quis escrever um poema

Mas não tinha música
Não tinha tema

Há quem trema perante o pranto
De uma folha em branco

É que o poeta ama tanto...
Ama tanto!

Então decidi falar de amor
Mas doía um bocadinho
Porque o coração é puro e é mesquinho

Então mudei de tema:
Vou falar-te do Poema

Pode ser tudo e não ter nada
Ser como cidade inventada
Sem casas,
Sem caminhos
Sem janelas
Sem vielas

Pode ser cheio e ser vazio
Viver sem casa e não ter frio
Porque as palavras não são ninguém

Mas então, como é que prende o coração?
Com que garras, com que mão?
Como é que mente ou despe a Verdade?
Como é que separa e cria unidade?

E estas perguntas, terão fundamento?
Terão razão, se me sento
Um momento
E brinco com a brancura ou a solidão?

Talvez não haja resposta
Talvez seja vazia esta heróica proposta
De te fazer encontrar aqui dentro alguma magia, ou comoção...

Então sobreveio uma ideia, que era talvez o remate desta teia
em que já te enleei.

O Poema és tu!
É o teu universo, é o teu coração
É o que tens aí dentro
Que pinta cada verso
Que faz que se oiça a canção!

És tu, que me lês
Que vês e dás às palavras
(rasas de forma e preenchimento)
O sopro de Vida! O entendimento
A Alma toda
E o firmamento

És tu que vês pelas janelas
És tu que andas nas vielas
És tu que respiras e teu o que bate,
A pulsação

É teu o riso e a comoção
Quando o há, também o prejuízo
A pena, o abraço, ou a compaixão

Pões as estrelas no céu do Poema
Ou o Mar revolto
Ou o que o Poema devolver
Ou souber além-mais dizer
Do que o que está escrito

És tu a música e o ouvido
E também és tu, a canção
O Poema é feito de infinito

Mas cabe todo dentro
Da tua imaginação

Quis escrever um poema

Quis escrever um poema

Mas não tinha música
Não tinha tema

Há quem trema perante o pranto
De uma folha em branco

É que o poeta ama tanto...
Ama tanto!

Então decidi falar de amor
Mas doía um bocadinho
Porque o coração é puro e é mesquinho

Então mudei de tema:
Vou falar-te do Poema

Pode ser tudo e não ter nada
Ser como cidade inventada
Sem casas,
Sem caminhos
Sem janelas
Sem vielas

Pode ser cheio e ser vazio
Viver sem casa e não ter frio
Porque as palavras não são ninguém

Mas então, como é que prende o coração?
Com que garras, com que mão?
Como é que mente ou despe a Verdade?
Como é que separa e cria unidade?

E estas perguntas, terão fundamento?
Terão razão, se me sento
Um momento
E brinco com a brancura ou a solidão?

Talvez não haja resposta
Talvez seja vazia esta heróica proposta
De te fazer encontrar aqui dentro alguma magia, ou comoção...

Então sobreveio uma ideia, que era talvez o remate desta teia
em que já te enleei.

O Poema és tu!
É o teu universo, é o teu coração
É o que tens aí dentro
Que pinta cada verso
Que faz que se ouça a canção!

És tu, que me lês
Que vês e dás às palavras
(rasas de forma e preenchimento)
O sopro de Vida! O entendimento
A Alma toda
E o firmamento

Pões as estrelas no céu do Poema
Ou o Mar revolto
Ou o que o Poema envolto
Souber dizer mais
Do que quem o escreveu!


Por Quem me quero Apaixonada

Estive afastada do fim

Afastada de mim

Longe do meu Senhor

Agrilhoada


Agora vejo que sim,

Que essa parte de mim,

Que era ego,

Que era sombra,

Que era fosso, 

Que era assim,


Me apagava


Pedi-Te a força meu Deus

Que pegasses nos braços

(Que eram meus)

Mas com que Te empurrava para longe

E não Te abraçava


Hoje tenho a vontade

De mergulhar na Verdade

Nessa Água que do Teu lado aberto me 

Lava


Quiseste, meu Deus, assumir

A fragilidade,

Cada farpa de Madeiro que o nosso Pecado, do Teu sangue manchado, 

(que derramado nos resgatou)

Crava


Era escrava, como nós, de uma escravidão errada... mas vieste

 

 Tu


e fui Libertada


E se a escravidão fosse a única realidade

A Ti e só a Ti, meu Jesus, queria chamar:


 Senhor


Mas és Amor, doce bom Deus

És morada

Rosto que quero ver ao cabo desta

Estrada


Somente Tu és Precioso


E com Teu Corpo Glorioso

Mostras-Te o Deus Amoroso

Por Quem me quero apaixonada.

O que os Homens detestaram e o que Deus amou

Os homens detestaram a riqueza, A plenitude, E depois a pobreza  E depois a pureza E depois a luz  A seguir a verdade  Enfim o caminho  A vi...