Alcanço com as mãos o que não vejo
Vendo bem visto o que foge alcançar
Ensejo com o espírito o desejo:
Ter sempre como ensejo desejar.
O fogo que acende um dia cinzento
Incendeia a candeia do olhar
mas são estes olhos com que me invento
que, infrenes, desejam desejar.
Torna um pedaço de névoa e intento
Voar até ao sol que almejo alcançar
Mas são de cera as asas com que tento.
Elevo a alma, fixo alto o olhar
Que do céu cai, caíndo a passo lento
Porque ama esta terra e quer cá ficar.
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