Faz frio cá dentro
abri a porta da alma e faz frio cá dentro
e meu espírito treme
e não era de todo meu intento
que fizesse frio cá dentro
Mas a culpa é de um espaço tão vasto
quão cheio de vazio
Preferia meu coração gasto
à alma fria
pois no fim
não encontro lá nada
não me reflecte o espelho que lá havia
não me reflecte
não te reflecte
não reflecte nada
Talvez não o tenha visto
ou lá nunca estivera
Pois
Sempre me procurei cá dentro
Porque o que agora é fora
já fôra cá dentro
e eu sei-o
sei-o tão bem quão mal me sei a mim
E
suspeito
nunca saberei
se é real e se é assim
mas não importa
pois tenho para comigo
ser a alma uma porta
o coração um abrigo
assim sendo
o que uma por vezes comporta
é para o outro um castigo
porque as naturezas são diferentes
mas não a pessoa
que intentando ferir-se até que doa
lembra que em verdade e no fundo
crescer in medias mundo
magoa.
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