O viver tem fundo de negrume
qual nevoeiro, cor invertida
que vem de encontro a nós de investida
e é causa de inveja e ciúme

aqueles que vivem invertida essa luz
e que gostam de provar veneno
procuram incessante um morrer sereno
p'ra conhecer o negro que os seduz

mas à falta de cor mais garrida
suma-se de vez a desdita
agarrem-se ao fio da vida

larga-nos, fundo de abismo
negro perene e sevicial
sombra do nosso mortal egoísmo

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