{não} e repito: NÃO pactuo mais com isto

Acordei, há uns dias e desde então acordada fiquei. Vi hoje o sol nascer, ontem por-se e reparei que enquanto dormia, todos estes dias, que cada noite me escapava o dia. Então podia sonhar, mas não mais que isso, porque me escapava o dia. Agora vejo-o passar e não me escapa. Escapo eu por ele a ter que sonhar, a ter que imaginar o sol nascer quando posso vê-lo. Escapo a capturar crepúsculos, não deixando que eles me capturem a mim, e me prendam. O sol incomoda e a noite também, porque o ar cheira ao que já foi, e o frio, sinto-o com um corpo emprestado, por não ter um meu. Desgraçada de mim se não posso sequer ter frio, e zangar-me por isso. Que faço eu comigo se nem para mim me quero? Merda! Não queria que as coisas tivessem uma vontade própria sendo minhas que não fosse própria ou não fosse minha. Nada faz sentido, tudo parece bem, mas nada faz sentido. Queria poder dizer que quero saber. Queria poder dizer que sei. Queria poder dizer que quero. Mas esqueci-me de como se faz, e estou demasiado ferida, mas a dor, que dói num corpo que não é meu, não me conserva de ferir ainda mais. Perder-te-ei, a ti que sonhas, se deixares ganhar a metade que nunca dorme! E repetirei isto a mim mesma até que eu própria me ouça...Ou perca a capacidade de falar e ouvir. Tenho a sombra como companheira, mas não uma que fique quieta...uma que se move e me tortura, daí que deteste o sol. Quero luz, mas a da lua, suave e que me resgate. Não sei que diga aos pontinhos de luz estelar do céu. Talvez por eles ainda chore. Porque não sou do céu, sou da terra e cobriu-me uma lama, tão estúpida! E fico quieta, e não digo nada, e vou-me deixando afundar aos poucos por não saber gritar! Quem me dera que os venenos matassem os fantasmas! Eu bem os engulo, mas tudo o que matam é a fome de matar, porque os fantasmas já estão mortos, e eu... Fraca...Fraca...cobarde, o que seja! Não sei ser senão aos bocados de morte e bocados de veneno e bocados de fantasma e bocados de medo e bocados de terror e bocados de vergonha! Bocados! Não sei ser senão aos bocados e nem sequer os consigo situar, quanto mais deitar fora, ou rearrumar... Sou triste? Não, sou torta, e má e ingrata e cruel! E não me falem de egoísmo se o altruísmo é uma espécie de lei relacional ou limite, porque eu aprendi a crescer sem leis nem limites e não sei ser senão altruísta por só conhecer as leis de egoístas. Onde estavam os limites? Onde estavam quando invadiram e violaram os meus? Onde estão as leis agora? Tretas! Tudo o que eu conheço de agir e ser bem é treta! Porque aos que me ensinaram a conhecer, só haviam antes ensinado a agir segundo princípios da treta! Estou cansada, e quero que isto acabe... sem ter eu que acabar!

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cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...