I

 

Perscrutei as veredas de um caminho

Onde decidida me queria percorrer

O frio queimava um andar sozinho

Entre eu que respirava

E o que estava a acontecer

 

Estava a sulcar na terra fria

Um vinco entre a alma e o doer

 

E à janela, despedida,

Uma outra eu

Que cantava por sofrer

 

II

 

A pena que empunhava ao escrever

Roçava nas linhas

Que escrevia

 

Eram toscas formas de viver

Formavam formas de entender

 

E essa pena que empunhava ao escrever

Sofria

Sofria por saber

Que sem mãos não escreveria

 

 III

 

Ao ler-te esta manhã, verso

Pintei-me de universo

Vesti-me de manhã e saí

 

Vi flores

Vi sorrir

Vi maneiras de estar e de fugir

 

Vi que mais que ver, devia ir

Encontrar-me

Resgatar-me

E seguir

 

IV

 

À beira do fim das coisas

Tropecei no tempo

Eram roxas as papoilas ao vento

 

E volteei contra essa areia

Que havia perto das papoilas

 

Sem querer, agarrei-me a uma

Como se a quisesse absorver

 

Essa imagem com que sonhei não ir com o vento

Está ainda longe do que pinto quando tento

Ainda presa ao sonho,

sobreViver

Sem comentários:

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...