Ode Geométrica


I

 

Oh como me apraz a Geometria

Qual chocolate na Depressão

Sei hoje o que não sabia:

A beleza lógica da Rotação

 

Aponto os pontos e na minha folha

Surge clara e natural

Sem precalço que a encolha

Uma pirâmide hexagonal

 

Suavemente e sem trambolhões

Preciso o Plano Auxiliar

Oh como são belas, Interseções!

(Fáceis e doces de projetar)

 

Deito-me à sombra, de charneira,

Vendo o plano a rebater

Oh que gozo, e de que maneira!

Ver dar na folha uma volta inteira

Um segmento oblíquo horizontal a ser!

 

Ângulos! Distâncias!

Perpendicularidades! Paralelismos!

Problemas Métricos para todas as ânsias

De geométricos preciosismos

 

Vinde aristos, esquadros, transferidores!

Arrancai ao ponto a ubiquidade

Referenciai todo o espaço indefinido!

Regrai Vectores a plasticidade!

 

 II

 

Réguas! Réguas! Réguas!

Não me dêem tréguas

à Imaginação!

 

Expressivo, todo o traçado,

deixa clara a Secção:

Perfeita a fatia,

o sólido, truncado!

Nossa! Quem diria

que se encontraria

Tamanha emoção!

 

Traços! Traços! Traços!

Pontos Notáveis, sem comparação!

 

Tragam-me Aristos! Eixos nunca vistos!

Oblíquos ou não!

 

Geratrizes, Curvas, Arcos, Circunferências!

Indizíveis experiências

De Revolução!

 

Riscos! Riscos! Riscos!

Corpulentos riscos, fina compreensão!

Abstratos retratos, progressivos, exactos

Que Emoção!!

 

O Espaço,

Em Dupla ou Tripla Projeção Ortogonal

Dobra e desdobra e redobra,

É Fascinante

É Mágico,

Único!!

Sensacional!!!

 

III

 

Leda depressão, a nossa!

Resistente à Reprovação, ao Reeedículo, à Troça!

 

E Sem que d’outro saber

N’outro segmento se atenha,

Finamente a Geometria desenha

 

A Estrutura, O Esqueleto, O Alfabeto

O Fascínio, O Escrutínio, A Tessitura

Do concreto e exacto Universo Abstrato

Que enformando aguenta em sacrifício

As fundações, tod’o Edifício

Da Ciência Natural à mais Pura

 

E se a Natureza, atenta, faz depender

Sem piedade e exemplarmente

Deste saber unicamente

Todo o mundo Natural

 

Resta pronto concluir que

 

Profética, Fantástica,

 

Por mais que desgaste em estudo,

Não se aplica,

Antes lhe é aplicado Tudo

 

E por mais que assassine

A já parca sanidade mental

 

É do conhecimento universal:

 

Singular, Esta Menina,

Mais gera e determina em seu ginasticar

Que, globalmente, o Imaginar

 

É Mais que Sublime e Genial,

É  a inegável Mãe do Raciocínio,

Mãe do Cume do Auge do Pináculo do Genial:

 

É Inefável, a Geometria

É tal qual o Santo Graal!

 

 

 

 

 

 

Sem comentários:

cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...