Um que chora

Alguém me ouve se me gritar
se me gritar de mim afora
e voltar a estar
aqui e agora?

Há um ímpeto
de um Ícaro que chora

Roubei-lhe as asas
mas ao invés de subir ao sol
voei para baixo
para o abismo
e quem me guarda agora
é o preciosismo
de um frasco cheio de formol

Quem terá assim nas casas
formol para guardar as asas?

Sou um morcego
mas um reles morcego
um terço de mouco
dois terços de cego

Sou esse pouco

Há um ímpeto
de um Ícaro que chora

Alguém me ouvirá
se me gritar daqui afora?

Alguém me saberá
depois de agora?

Não sei
e o Ícaro, esse
chora.

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cinco anos de silêncio e uma tal de falta

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