Nas ruas passeiam vestidos, camélias em botão.
Ignoram que lá fora impera o negrume
A sós andam, iluminando como se fôra já verão
Mas à sua passagem se esvai o perfume
e com ele também a estação

Neste inverno
dos céus que aos poucos se quebram
cai gelo e impera a perdição
Mas não para essas flores que desfilam
derrubando uma densa, densa imensidão

Ignorarão elas por ventura
tudo aquilo que assim são?

No desnorte a aventura
de seguir sem direcção
perseguindo com loucura
poderosa, uma paixão

Só assim se torna íris
o arco da escuridão
e nós sabemo-lo
quer saibamos ou não
porque nasce connosco
o que é vida e o que não

como se um jogo cromático fôra
pintar torna-se missão
nossa e dessas singulares flores
que dançando escolhem as cores
com que se tinge uma visão.

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cinco anos de silêncio e uma tal de falta

E parecia, sim, que a vida tinha perdido alguma cor Que o frio gelava mais,  que o sol já não brilhava da mesma forma E eu só queria que me ...