Um dia quebraremos os acrílicos,
beijaremos outro que ao polipropileno
Esqueceremos um instante o etileno
E com ele do vírus os gentílicos
afarfalhando-nos em quiasmos idílicos
Usando dos próprios mesmos braços
com que aspergíamos sprays e géis etílicos
Seremos outra vez a delícia de outrora
Que beija a mão desta senhora,
ou daquela ali, mas só por fita
E Sem beta gama ou delta
Só macia fofa e esbelta
bochecha redondita
Beijaremos também por fita
A face d'estoutra criancita
P'ra legitimar que possa sentir na vida
Ou vá, na bochechita,
uma ou outra coisa
que de viva força irrita
Mascarados da nossa mesmíssima fucita
Já não adivinharemos
Debaixo dos olhos o que habita
Se o nariz for feio, pois sê-lo-á de entrada,
Já que destapado assim lo veremos
E ai que grassando se repita,
Este estado pestífero de agonia!!
(Soubess'eu hoje o que faria
Ao acabar-se a pandemia!)
Ind'há cem anos se tossia a sentença do vizinho
Mas está lá longe, sei-o bem!!
Vai que hoje me morria... ia bem consoladinho,
Ignorando que podia...
Haja alguém que nos repita:
"Aproveita-te bem"
É que a vida detém
Formas estranhas de ser bonita!
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