Na escrita não há que enganar
porque o primeiro traço não se vê,
porque se escolhe o que se quer mostrar
e precisamente nas entrelinhas o que se lê.

É um tocar feito de dizer.
E toca-se até no que não se crê,
porquanto ao ouvido possa tanger
uns ares daquilo, disto ou de não-sei-quê.

E por muito se possa cingir
ao nada o todo dizer,
nisto um livro não pode mentir:

Que a cada ponto se pode expirar
e escolher ser essa a última expiração.

Antes de pôr fim e a capa cerrar,
temos um livro aberto na mão.


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cinco anos de silêncio e uma tal de falta

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