Do alto do esplendor enclausurado
olha-me a foice da melancolia
Vem ceifar-me a vida de outro dia
em que fôra triste mas amado
O que sinto agora não tem nome
resta uma frágil réstia de saudade
de quem morreu sempre a metade
sem que do outro a si nada se some
Aos poucos perco e me consome
um fogo fátuo tão inevitável
um verme que ao meu corpo morto come
Sou não mais que a imagem instável
de um vivo morto que sabe que dorme
sobre um monte de lôdo detestável
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