Neste sítio não há rosas
porque as rosas não se têm num não-lugar
Abra-se espaço para as rosas
que depois virá a terra comê-las
tão delicadas
reguem-se os corpos
para que nasçam e cresçam como as rosas
como singularidades efémeras de beleza coberta de espinhos.
Belos corpos a dançar ao sabor do vento
ondulam erguendo o pó do chão
que acalma só no nascer de uma nova morte
é o pó do chão
que me recordam as rosas
são como os meus braços pálidos
também como eu não possuem sangue
fadada a perecer
pobre rosa singular
fadada a corromper
pobre pedra angular
ai os incautos que não sabem que apenas a dança do pó é charneira
No fim tudo retorna às mãos de Pandora
o pó
a morte
Nós, se vivermos em virtude disso teremos rosas
e, precisamente, Eris virá connosco numa caixa
que se abrirá de novo num novo não-lugar
onde mortos morreremos vivos como vivas rosas mortas
por enquanto olhei e estou aqui
onde não há rosas
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