Torna nosso corpo
os corpos com que dançamos agora
tira o corpo das mãos da mente e espera
Fundir-nos-emos como música
numa hora tão absolutamente bela
que não pode ser tocante ou comovente
porque é radicalmente contrária a isso
Arrebata a respiração exuberantemente
rouba as lágrimas do fundo do peito
derrama-as no chão como vidro estilhaçado
Sabes por ventura o que seremos depois?
Poesia
Arrancaremos versos dos estilhaços
onde as nossas bocas sangrarão
como quem beija
Torna nosso corpo
os corpos com que dançamos agora
Morde-me o espírito
arranca-mo da posse
e deixa que sejamos
Poesia
Fluiremos como as águas de um rio
até sermos torrente
em crescendo
até desaguarmos furiosos no oceano
até não cabermos no oceano
até galgarmos todas as margens
e fazermos da Terra lama
a nossos pés descalços subordinada
Torna nosso corpo
os corpos com que dançamos agora
Morde-me o espírito
arranca-mo da posse
e deixa que sejamos
Poesia
Incendiaremos os céus
com o nosso calor e corpo de astro
e então seremos
Poesia
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