Epistolarmente se dirigiu
o Poeta à Ironia
escreveu-lhe tintado um rio
posto lá,
tudo o que sabia.

"-Minha senhora não sabe
mas creio aquilo que sei."

Perguntou chovendo um dia
de que reino era Riso o rei.

Pois não soubera Ironia
Responder sem Esgar

Esgar teimava que dizia
mais que até um olhar.

Perguntou Esgar à Ironia:
"-Pensa que devamos casar?"

Mas ela só respondia
sob a forma epistolar.

Urde santa magia
trazer de reinos sem Riso a Ironia
outra forma de falar.

Mas o Poeta hesitaria
tardaria acompanhar
que Riso Esgar com Ironia
eram mó de evitar.

"-Minha senhora não sabe
mas creio aquilo que sei."

Não sabia
Que era essa, Ironia
tão indigna de afagar.

Era um homem honesto
vieram Riso e Esgar
tendo um pedido funesto
sob a forma epistolar.

"-Fale a Dona Ironia
que é dever nos alimentar."

Mas est'outra sabia
quem eram Riso e Esgar.

Então respondeu ao Poeta
de forma assaz indiscreta:

"-Sou privilégio de poucos.
Não entro em ouvidos moucos
e não creio aquilo que sei.
Sei aquilo que creio.
A vida morre e eu estou no meio."

Seguiram calados o Poeta e sua Ironia.



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cinco anos de silêncio e uma tal de falta

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