rascunho para o luto de outro lado

Como posso dizer-te que não consigo dizer, aquilo?...

Precisamente o que não consigo dizer!

Como posso mostrar-te o que não me atrevo a olhar de frente?...

E como posso dar-te o Mundo que não possuo?

Não tenho nada!

Tenho tudo o que me escapa.

Mas estava para te dar este nada só a ti, se soubesses escapando de nada, escapar-me de te querer!

Com que hipocrisia te olho sem chorar?

Com que corpo ando de passada leve e queixo alto à tua frente?

Com que cinismo te guardo no lugar da paciência?

Sem coração, sem sentidos e sentir, sem vergonha de exibir no rosto uns olhos que são porta para nada! Uma armadura inquebrável, de vidro espelhado que uso como se fosse a pele que arranquei, à força de sentir o sangue nas veias!

Não há espaço, não quero que haja!

Gloriosa visão , sem tempo que lhe toque, sem brilho que lhe passe! A eternidade com que te gravei, matou-te e transformou-se em ti...

Vivo foste o meu bastante...

O maior salto dos que errei!

Quem dera que passasses, renascesses insignificante e me devolvesses a vez!

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