É parca a imaginação
quando se morre um bocadinho por dentro.
São parcas as palavras com que se diz o vazio
porque são isso mesmo
vazias com ele
e de novo a vida traz
daquelas sacudidelas sem sentido
intui-se a náusea ainda antes de a sentir
e morre-se mais um bocadinho por dentro
Os dias sucedem-se
e como lâmina feroz
fere-nos o silêncio
fere-nos o tempo
fere-nos a espera
a esperança e o sonho
E se há injustiça
é para todos
Amanhã será mais um dia
lambem-se as feridas
ergue-se a cabeça
e venha a maior mortificação de todas
Para quem nos merece
um terno sorriso
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